Em Biguaçu, a atenção ao bem estar animal é um conceito tão abstrato quanto a ideia de construir um canil municipal. Enquanto os cães e gatos abandonados multiplicam-se pelas ruas, maltrapilhos e esfomeados, a política pública para esses animais continua sendo um mistério tão profundo quanto um buraco negro dentro da administração municipal.
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Por: Luiz Lunardelli
A cidade ostenta possuir um DIBEA – Departamento de Bem-Estar Animal, vinculado à Superintendência de Bem-Estar Animal, cujo titular, afortunado, ocupa um cargo de confiança do Prefeito e embolsa, sozinho, a bagatela de R$ 7.999,46 mensais. Um salário que, convenhamos, poderia muito bem abrigar e alimentar diversos animais se, de fato, houvesse uma política de acolhimento. Mas o que realmente faz esse setor? A resposta é um enigma mais intrincado do que a existência do monstro do Lago Ness.
Enquanto isso, a cidade segue lotada de animais perambulando pelas ruas, esquivando-se do trânsito, revirando lixo e, muitas vezes, tornando-se vítimas da indiferença. O poder público parece acreditar na mágica do "abandono se resolve sozinho" – uma estratégia revolucionária (e preguiçosa) de gestão que transforma a responsabilidade em invisibilidade.
Onde estão os programas de incentivo à adoção consciente? E as campanhas de castração gratuitas e em larga escala? E, claro, o próprio canil municipal, aquele que até hoje não existe? Quem souber dessas respostas, favor avisar à prefeitura, porque até agora eles também parecem não ter ideia.
O resultado dessa negligência é a cidade sendo tomada por animais abandonados, enquanto o serviço público para lidar com isso permanece uma ficção. O cargo de confiança na Superintendência do Bem-Estar Animal existe, o salário existe, mas a política efetiva para acolher e cuidar desses animais segue na dimensão do nada.
Se houvesse um canil municipal, talvez os gestores públicos pudessem passar um dia lá, aprendendo sobre empatia e responsabilidade. Mas, até lá, o que temos é um ruidoso latido de protesto – que, ao que parece, ninguém da prefeitura está disposto a ouvir.

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