A nova lei cria nada menos que 23 novos cargos de confiança, elevando o número total de apadrinhados de 152 para 175 felizardos que, agora, podem desfrutar de vencimentos que vão até R$ 11.232,93 mensais.
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Por: Luiz Lunardelli
Biguaçu acaba de ganhar um novo troféu na competição nacional da gestão pública criativa: a Reforma Administrativa, ou melhor, a Lei Complementar do Executivo 03/2025, que poderia muito bem se chamar "Lei do Cabide de Ouro". O projeto, promete "otimizar a execução das políticas públicas e garantir o bom funcionamento da administração municipal". Mas, sejamos francos, parece mais uma otimização das oportunidades de empregar aliados do que da gestão pública.
E, como um passe de mágica legislativa, o impacto financeiro dessa dança das cadeiras vai custar aos cofres públicos a bagatela de R$ 7,3 milhões até 2027. Nada mal para uma cidade que, em tempos de vacas magras, deveria estar focando em otimizar serviços, e não folhas de pagamento.
Mas o espetáculo não para por aí. Se a aprovação de leis fosse uma corrida de 100 metros rasos, a Câmara Municipal de Biguaçu levaria a medalha de ouro. O projeto foi aprovado em “toque de caixa”, sem discussão com a participação da sociedade, sem pareceres das comissões temáticas, sem nada que justificasse o rito apressado, exceto, talvez, a pressa em garantir as novas cadeiras antes que algum incauto pudesse ler as entrelinhas do projeto. Quando a única voz dissidente, a vereadora Bia Borba (PL), ousou pedir vistas para analisar a aberração administrativa, seus 14 colegas deram-lhe um sonoro "não" unânime, como quem diz: "Aqui não temos tempo para reflexão, temos cargos a distribuir!" (clique aqui para ver como foi a votação)
Bia Borba, que parece ser a única a lembrar que a cidade tem outras prioridades além da ampliação da "República do CC", pontuou com razão: "Não é o momento de criar novos cargos sem concurso público. Isso é insensível e injusto com a população de Biguaçu". E de fato, enquanto falta dinheiro para investir em infraestrutura, saúde e educação, a gestão municipal parece muito preocupada em garantir que aliados tenham empregos bem remunerados, financiados pelo suor do contribuinte.
Para aqueles que ainda têm esperança na transparência, a boa notícia é que a integra do projeto está disponível no site da Câmara Municipal ( para ler na íntegra o projeto clique aqui). A má notícia é que, independentemente do que você ache disso, ele já foi aprovado. O que nos resta agora é aguardar para ver como os novos cargos vão contribuir para a "eficiência" da administração pública local. Mas se a história ensina alguma coisa, é que esse tipo de reforma geralmente serve mais para aumentar a folha de pagamento do que para melhorar a vida do cidadão.
Enquanto isso, esta coluna se compromete a divulgar, nos próximos dias, com a devida clareza, quantos cargos cada secretaria ganhou, os respectivos salários e, claro, quem serão os novos ocupantes.
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"Não é o momento de criar novos cargos sem concurso público. Isso é insensível e injusto com a população de Biguaçu"