Mão Inglesa no Retorno da BR-101 em Biguaçu: Uma Solução Que Nunca Virá?
Biguaçu, Santa Catarina. Fim de tarde de sexta-feira. O sol nem morreu e os carros já estão parados. Na verdade, estagnados, engolidos pelo congestionamento crônico que se estende sob o "viaduto" do Prado. Viaduto, aliás, que é um eufemismo generoso para definir uma estrutura que parece existir não para dar fluidez ao trânsito, mas para proporcionar uma experiência imersiva de paciência e resignação aos motoristas.
A grande questão que permeia os pensamentos dos reféns do asfalto é simples: por que não adotar o sentido de "mão inglesa" no retorno sob o viaduto? Se implementado, esse modelo, utilizado em tantos outros pontos do país (e do mundo), permitiria que os veículos acessassem a marginal sem precisar cruzar diretamente com o fluxo oposto, eliminando o festival de freadas bruscas, buzinadas e gestos nada republicanos entre os motoristas.
O conceito é tão simples que chega a ser um insulto à lógica sua não implementação. Mas talvez estejamos subestimando a genialidade oculta por trás dessa aparente irracionalidade. Afinal, o congestionamento tem funções sociais importantíssimas. Ele fomenta a indústria do entretenimento automotivo (nunca se ouviu tanto música no rádio do carro), fortalece laços comunitários (afinal, depois de trinta minutos parados no mesmo lugar, todos se tornam velhos conhecidos), e ensina resiliência ao cidadão comum.
E, claro, não podemos esquecer do impacto econômico positivo para a indústria petrolífera. Afinal, nada como gastar um tanque de combustível para percorrer dois quilômetros! Quem disse que o progresso tem a ver com agilidade e fluidez?
Ironias à parte, a realidade é que a solução é conhecida, barata e eficaz. Implementar um retorno no modelo de "mão inglesa" eliminaria a interseção de fluxos opostos e reduziria significativamente o congestionamento matinal e vespertino. A pergunta que não quer calar é: se o problema é evidente e a solução é simples, quem se beneficia mantendo o caos? Quem vai receber o Nobel da Incompetência da Engenharia Rodoviária? A Prefeitura de Biguaçu? Ou a inexpressiva força política dos nossos vereadores? Ou o descaso da Arteris-Auto Pista Litoral Sul, a concessionária da rodovia?
Talvez a resposta resida na falta de vontade política, na burocracia ou simplesmente na ausência de uma boa dose de bom senso. Enquanto isso, seguimos aqui, parados, contemplando a vida passar pelo retrovisor, sonhando com o dia em que Biguaçu descobrirá a roda. Ou melhor, o retorno inteligente.
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Luiz Lunardelli
Jornalista e Cidadão