Prédio da incompetência vai ao “chon”
Construído em 2008 pelo prefeito Tuta para sediar o Centro de Convivência dos Idosos, o elefante branco com paredes rachadas e teto desabando, que se tornou a maloca querida dos dependentes químicos e moradores em situação de rua, será demolida nesta sexta-feira (14/03)
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Publicado em 12/03/2025 por Luiz Lunardelli

 

 

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Por Luiz Lunardelli

Eis que em Biguaçu, terra de obras efêmeras e promessas eternas, um prédio construído em 2008 para ser o lar da alegria e convivência dos idosos está prestes a ser demolido. Sim, caro leitor, o "Centro de Convivência de Idoso Olívia Floriana de Faria", fruto de um projeto que, em teoria, deveria durar mais que o mandato de qualquer prefeito, vai virar um monte de entulho nesta sexta-feira, 14 de março.

O então prefeito Vilmar Astrogildo Tuta de Souza, no ápice do desespero pré-eleitoral, decidiu tirar da gaveta esse projeto visionário (ou seria uma bomba-relógio?) e presentear a cidade com um "elefante branco" no coração da urbe. A obra foi realizada às pressas, afinal, nada melhor do que um prédio novinho em folha para estampar nos santinhos de campanha. E que campanha! Marchinhas, tangos e o aroma inebriante da vitória... até que as rachaduras chegaram.

Ah, as rachaduras! Nada mais justo que elas surgirem para acompanhar as fendas na fiscalização e no planejamento. Porque, convenhamos, o prédio era para durar décadas, mas bastaram algumas semanas para que ele começasse a se desmanchar feito castelo de cartas em ventania. Foi um festival de trincas, abismos e suspeitas, culminando em um aviso claro: era melhor manter os "velhinhos" dançando em casa para evitar que a próxima música fosse a de um dramático funeral coletivo.

Assumindo o cargo em 2009, o novo prefeito, José Castelo Deschamps se viu com a herança maldita nas mãos. Ele que é do ramo da construção civil desde moleque e conhece o ramo como poucos, tentou de tudo: chamou a construtora, acenou com a possibilidade de conserto, talvez tenha até prometido um cafezinho para a conversa ficar mais leve. Mas não adiantou. Resultado? Fechamento do local e um processo judicial. E como toda boa história de justiça brasileira, 16 anos se passaram e o caso segue firme e forte na prateleira do “aguardando solução”.

Nesse meio-tempo, o prédio, outrora promessa de futuro, virou morada indesejada de dependentes químicos e pessoas em situação de rua. Um triste retrato social e uma dor de cabeça para qualquer gestor que se preze. Mas o destino, sempre generoso com os absurdos, trouxe uma luz no fim do túnel: a autorização judicial para demolir o monumento à incompetência.

Assim, o prefeito Salmir – que já não começou o ano lá muito animado – finalmente tem um motivo para sorrir. Nada como um pouco de poeira e barulho de demolição para aliviar a tensão. Afinal, se o prédio não serviu para o convívio dos idosos, ao menos agora servirá para alguma coisa: render boas fotos para a próxima campanha.

Mas, claro, o episódio não acaba aqui. Enquanto o prédio vai ao chão, a ação judicial segue seu caminho de tartaruga cansada. E a área? Bem, não pode ser utilizada para absolutamente nada, até que o Judiciário decida que, de fato, foi tudo uma perda lamentável de dinheiro e tempo.

No fim das contas, Biguaçu ganha mais um capítulo para o seu almanaque de gestões desastradas. Um prédio que nunca foi, um centro que nunca funcionou e uma história que, de tão absurda, chega a ser engraçada. Se rir é o melhor remédio, então que venha a demolição. Pelo menos, entre os escombros, pode-se encontrar algo que faltou  tanto na administração pública de 2008: a responsabilidade, a fiscalização e a eficiência.

 

O espaço poderia desabar a qualquer momento sobre o invasores provocando uma tragédia social enorme ( Fotos: Biguá News) 

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