A Picanha do Desespero: Quando o Crime Segue a Inflação
Novidades
Publicado em 08/03/2025

 

 

Em um país onde a economia anda mais trôpega que bêbado na saída do bar, o crime também precisa se reinventar. Foi o que aconteceu em Jaraguá do Sul, quando dois homens, de 34 e 42 anos, resolveram inovar no mercado do ilícito e investiram em um assalto gourmet: a tentativa de furto de nada menos que dez peças de picanha e um arsenal etílico digno de uma reunião ministerial.

 

Enquanto lê a notícia,  clique aqui para ouvir a Radio Delta Floripa, a emissora que só toca música boa.

 

Por Luiz Lunardelli

A Polícia Militar, sempre atenta às movimentações do empreendedorismo paralelo, abordou o veículo da dupla, que, num golpe de desespero, tentou descartar uma mochila cheia de delícias bovinas e líquidos de alto teor alcóolico. A tentativa de fuga, infelizmente para os criminosos, não foi tão bem planejada quanto o cardápio do churrasco que pretendiam realizar.

O caso, digno de uma cena de filme, revela uma triste verdade: o crime no Brasil não está só mais ousado, mas também gourmetizado. Se antes a moda era roubar celulares ou bicicletas, agora a preferência é pelo filé da inflação: a picanha, símbolo máximo do luxo alimentar da classe média falida. Afinal, com o preço da carne nas alturas, subtrair uma peça de picanha equivale praticamente a furtar um eletrodoméstico. Se for uma picanha importada, então, estamos falando de um assalto a banco.

Não se sabe se a ideia original dos suspeitos era um churrasco de comemoração ao fracasso econômico nacional ou simplesmente um plano de abastecimento alimentar para tempos difíceis. O que se sabe é que o crime não compensou: foram parar na delegacia, junto com a carne e a cachaça, enquanto a população segue pagando boletos cada vez mais caros para manter o privilégio de comer músculo com osso.

Os policiais, que devem ganhar menos que um corte nobre no quilo, recuperaram os produtos e chamaram os legítimos proprietários para o reconhecimento. Enquanto isso, a economia brasileira segue o seu espetáculo de horrores, onde um trabalhador honesto precisa parcelar um quilo de carne, enquanto os meliantes, sem limites no cartão, tentam levá-la de graça.

No fim, a lição que fica é simples: no Brasil, o crime pode até compensar, mas nunca sem antes passar pela grelha da justiça.

 

Clique aqui e faça parte do grupo de notícias do WhatsApp da Radio Delta Floripa

 

 

Comentários
Comentário enviado com sucesso!