Faltam Vagas no Cemitério de Tijucas: morrer na cidade virou um problema do outro mundo
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Publicado em 03/03/2025

 

Atenção, moradores de Tijucas: se puderem, adiem seus planos de partir dessa para melhor. Isso porque, na cidade de 51 mil habitantes, morrer virou um verdadeiro privilégio — e, convenhamos, um problema de logística. O cemitério municipal, que deveria ser um lugar de descanso eterno, agora tem fila de espera mais concorrida que vaga em creche pública.

 

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Por Luiz Lunardelli

Na última sexta-feira (28), a prefeitura declarou situação de emergência funerária, o que, convenhamos, não é exatamente o tipo de emergência que se espera ter que administrar. A cidade chegou ao cúmulo de contar com apenas uma única vaga disponível, o que pode ter causado um certo constrangimento entre os moradores de idade avançada ou aqueles com o colesterol elevado. Afinal, como decidir quem leva o último lugar disponível? Sorteio? Prova de resistência? Uma final de pedra, papel e tesoura entre as famílias enlutadas?

A gestão municipal, desesperada para evitar um colapso no sistema mortuário, estuda alternativas para expandir o Cemitério Municipal do Bairro Praça. Entre as medidas em análise estão parcerias com a iniciativa privada e a recuperação de 325 túmulos abandonados. Ou seja, a prefeitura pode recorrer a uma espécie de "despejo póstumo", reabrindo espaços para novos ocupantes. Em tempos de crise, até a eternidade tem prazo de validade.

Além disso, o prefeito Maickon Campos Sgrot anunciou que pedirá à Câmara de Vereadores a permuta de um terreno ao lado do cemitério para ampliar o espaço. Espera-se que o pedido seja aprovado com urgência, porque a cidade já está virando uma espécie de “capital dos fantasmas sem-túmulo”. Enquanto isso, o Decreto nº 2529 obriga a futura empresa gestora do cemitério a manter um registro informatizado, cadastrar sepulturas e notificar famílias para exumações. Ou seja, a administração da morte está se tornando tão burocrática quanto a da vida.

Curiosamente, Tijucas tem outros dois cemitérios em funcionamento, mas, aparentemente, todo mundo quer garantir sua vaga no cemitério principal — algo que levanta uma nova questão: seria este cemitério o equivalente póstumo a um bairro nobre? Seria o metro quadrado do além-túmulo mais valorizado ali do que nos outros cemitérios? Para quem já viveu uma vida inteira pagando IPTU e taxas abusivas, nada mais justo do que garantir uma vaga premium até mesmo depois de bater as botas.

No fim das contas, o problema de Tijucas só reforça uma velha máxima: no Brasil, nem morrer é fácil. Se a prefeitura não resolver isso rápido, talvez os moradores precisem começar a considerar outras opções, como o turismo funerário, onde o cliente morre aqui, mas é enterrado em outra cidade. Afinal, se o custo de vida está insustentável, o de morte também está caminhando para o mesmo destino.

 

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