Uma operação da Polícia Civil de Santa Catarina resolveu dar um “game over” no lucrativo joguinho da família prendendo influencer que achou que podia transformar seguidores em patos de cassino online. A ação, batizada de “Game Over” (porque a criatividade da polícia é um espetáculo à parte), mirou uma trupe de criadores de conteúdo que aparentemente confundiu a palavra “influência” com “exploração descarada”.
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Por Luiz Lunardelli
Os influenciadores, que deveriam estar ensinando a fazer dancinhas ou vender chás milagrosos para emagrecimento, resolveram inovar: venderam o sonho da riqueza fácil através do famigerado Jogo do Tigrinho – um cassino digital travestido de brincadeira inocente. Com vídeos onde faziam fortuna em poucos cliques (ou pelo menos fingiam que faziam), eles atraíram uma legião de seguidores desavisados, muitos menores de idade, para a roleta virtual do prejuízo.
Ganhe dinheiro fácil! (Ou perca tudo rapidinho, mas esse detalhe não está no vídeo)
Segundo a polícia, os “geniais” influenciadores utilizavam suas redes sociais para mostrar a suposta facilidade de ganhar dinheiro no jogo. A parte que eles convenientemente omitiram? O fato de que os únicos realmente lucrando eram eles mesmos. A cada clique no link compartilhado por esses empreendedores do desespero, uma porcentagem generosa pingava na conta da família influencer – uma verdadeira pirâmide financeira da era digital.
Enquanto os seguidores se iludiam achando que estavam a um passo de comprar a tão sonhada Lamborghini, a realidade era bem mais cruel: perdas astronômicas, algumas equivalentes às economias de uma vida inteira, foram registradas por apostadores menos afortunados (ou seja, todos menos os influencers).

Pobreza compartilhada, lucro exclusivo
Mas como dizem, a casa sempre ganha. E nesse caso, a casa era o quartel-general dessa família influencer, que embolsou milhões com os cliques inocentes de seus seguidores. O negócio era tão próspero que chegou ao radar da Polícia Civil, que decidiu botar a banca abaixo.
Na manhã de quinta-feira (27), uma equipe de agentes invadiu os domínios dessa máfia digital em São José e Biguaçu, cumprindo seis mandados de busca e apreensão. O saldo da operação foi uma coleção invejável de equipamentos eletrônicos, incluindo celulares, notebooks e tablets, além de seis veículos que agora devem passear apenas em guinchos da polícia. Para completar o festival de reveses, a Justiça congelou R$ 10 milhões em bens da trupe do Tigrinho.
Ladrões de esperança online: agora no radar da Justiça
As investigações seguem em curso e incluem um menu variado de acusações, que vão desde exploração de jogos de azar até corrupção de menores, passando por estelionato, lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem tributária. Afinal, quando se trata de criatividade no crime, essa galera não economiza.
A ação foi conduzida pela Delegacia de Proteção dos Direitos das Mulheres e Crimes Contra as Relações de Consumo (DPDM-DCON), com apoio de outras delegacias, provando que até a polícia se rendeu ao formato colaborativo. Agora, resta saber se os influencers do Tigrinho conseguirão monetizar sua nova fase: a de réus na Justiça.
Se servir de consolo, pelo menos a audiência garantida eles já têm – só que agora nos autos do processo.

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