DANÇA DAS CADEIRAS: QUANDO A VONTADE POPULAR VIRA TAPETE POLÍTICO
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Publicado em 26/02/2025

 

O que resta à população, além de acompanhar esse circo de horrores, é lembrar que o voto não é um cheque em branco. Se a vontade popular continuar sendo tratada como um detalhe incômodo, os gestores de hoje podem se surpreender com o veredito das urnas amanhã. Porque, ao fim do dia, os peões também podem derrubar o rei. Cheque Mate.

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Por Luiz Lunardelli

Nada como um bom jogo de xadrez político para lembrar que, na administração municipal, o peão é sempre o eleitor. A recente reforma administrativa promovida pelo Executivo Municipal parece ter sido desenhada com uma premissa clara: desconsiderar completamente a opinião de quem foi às urnas e substituí-la por um jogo de interesses, no qual a peça mais importante do tabuleiro é a conveniência.

Num lance ousado, que deixaria qualquer estrategista de bastidores orgulhoso, a administração municipal decidiu "convocar" dois vereadores, Lucas Manequinha e Douglas de Souza, para cargos de secretários municipais. Coincidentemente, suas cadeiras na Câmara foram ocupadas por suplentes que, vejam só, não tiveram votos suficientes para serem eleitos pelo povo. Se for para ignorar o voto popular, ao menos que seja com estilo!

A equipe de assessoria do Executivo, seja por amadorismo, seja por um lapso de memória, aparentemente se esqueceu de um detalhe trivial: a tal da democracia. O eleitor vota, escolhe, confia, e eis que, num passe de mágica, sua escolha desaparece como uma ilusionista de quinta categoria. Não satisfeita com o estrago já causado na confiança da população, a gestão resolve dobrar a aposta e desfalcar a Câmara pela terceira vez em menos de um mês. O próximo escolhido? Laudemir Clovis Pastorello, conhecido popularmente como Chimia. Seu eleitorado que se vire para entender o porquê de seu voto ter sido jogado no ralo, pois o Chimia vai assumir uma Secretaria Municipal.

Com a saída de Chimia, quem surge das sombras para ocupar a vaga no Legislativo? Ele mesmo, o suplente da vez: João Kretzer, do PSDB. Dessa forma, em uma tacada só, o Executivo municipal oficializa uma nova modalidade política: a câmara dos vereadores não eleitos. Será que a próxima reforma incluirá o sorteio de cadeiras entre os simpatizantes do governo? Quem sabe, num futuro próximo, o eleitor não será informado que seu voto terá valor condicional, sujeito a revisão de conveniência política?

O mais intrigante é que a gestão municipal não demonstra qualquer preocupação com o desgaste que essas manobras estão provocando. É como se apostassem na má memória do eleitorado, contando que a indignação se dissipará antes mesmo da próxima eleição. Mas o tabuleiro político é traiçoeiro, e quem brinca demais com a sorte pode acabar sendo derrubado pelo próprio jogo.

O que resta à população, além de acompanhar esse circo de horrores, é lembrar que o voto não é um cheque em branco. Se a vontade popular continuar sendo tratada como um detalhe incômodo, os gestores de hoje podem se surpreender com o veredito das urnas amanhã. Porque, ao fim do dia, os peões também podem derrubar o rei. Cheque Mate.

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