Senhoras e senhores, eis que um visionário surge em Biguaçu, um verdadeiro estadista iluminado que, diante de um problema social complexo e de escala nacional, propõe uma solução digna de um gênio incompreendido: proibir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nas ruas do município! Sim, porque, como todos sabemos, a falta de moradia, o desemprego e a vulnerabilidade social são causados, evidentemente, por uma latinha de cerveja na mão de um transeunte.
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Por: Luiz Lunardelli
O nobre vereador, com sua aguçada visão de mundo digna de um cientista social de boteco, identificou a raiz de todos os problemas da cidade: segundo suas palavras, um "bando de marginais e andarilhos" que "infestam" as praças, trazendo consigo a decadência da sociedade. E qual a melhor forma de resolver essa crise? Educando? Criando políticas públicas de inclusão social? Gerando oportunidades? Claro que não! A solução é simples: banir a bebida das ruas.
Porque, afinal, todos sabemos que ao retirar um copo de cachaça da equação, a fome some, os empregos brotam do chão, os aluguéis se tornam acessíveis e os serviços sociais passam a funcionar milagrosamente. Elementar, meu caro eleitor!
O que impressiona é que essa ideia brilhante não tenha vindo antes! Enquanto cidades no mundo inteiro enfrentam o crescimento da população em situação de rua com políticas de moradia assistida, requalificação profissional e redes de apoio psicossocial, Biguaçu propõe o caminho da proibição, confiando que a fiscalização funcionará tão bem quanto os serviços públicos da cidade.
Agora fica a pergunta: se proibirmos também as cadeiras estofadas, os problemas da cidade serão resolvidos? Porque, pelo visto, tem muita gente sentada e descansando ao invés de trabalhar em soluções reais para os cidadãos. Enquanto isso, seguimos com a velha tática de varrer os problemas para debaixo do tapete - ou melhor, para longe das praças. Mas será que realmente resolve? Ou é apenas mais uma desculpa para não encarar a real responsabilidade de governar para todos?
Quem tiver interesse em conhecer mais de perto a proposição apresentada na Câmara, pode acessar o vídeo original da sessão do dia 10.02.25 clicando aqui.
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