Se há algo que o atual prefeito de Biguaçu e sua equipe dominam com maestria, é a arte da aglutinação política. O talento para o convencimento atingiu níveis quase hipnóticos na votação da Câmara Municipal de Biguaçu, desta segunda-feira (10) onde uma reforma administrativa milionária passou como um rolo compressor sobre a oposição. A tal ponto que, se antes havia um suposto G-5 de resistência, agora restou apenas um solitário G-1.
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Por: Luiz Lunardelli
Tudo começou na semana passada, quando o vereador Vandy Antunes revelou, da tribuna, a existência do autointitulado grupo da harmonia, ou G-10, dando a entender que dez vereadores haviam sido estrategicamente alinhados aos interesses do governo e sempre votar favorável às propostas do Executivo. A partir daí, os palpites fervilharam: a oposição, em Biguaçu, na atual legislatura, seria então composta por um time pequeno, mas combativo, composto de 5 vereadores não alinhados ao G-10.
Mas eis que, numa reviravolta política digna de novela, o que seria um bloco opositor de cinco integrantes virou um caso de resistência solitária. No momento da votação da reforma administrativa, apenas Bia Borba ousou manter-se firme contra a avalanche governista. O placar? 14 votos a favor contra 1. Isso mesmo, de um G-5 restou um G-1 – e que coragem teve esse G-1 para segurar a bandeira da oposição, enquanto seus colegas de resistência aparentemente preferiram o confortável abrigo da 'harmonia'.

A reforma aprovada com folga não é pouca coisa. Trata-se de uma reestruturação que cria dezenas de cargos comissionados, conhecidos no linguajar popular como 'cabides de emprego', e que terão um impacto financeiro superior a R$ 2 milhões nos cofres públicos. Quem se importaria com detalhes como esses quando se tem um plenário em perfeita “harmonia”?
Em sua defesa solitária, a vereadora Bia Borba apontou o óbvio: os recursos poderiam ser melhor utilizados para atender às reais necessidades da população. Mas por que se preocupar com serviços básicos, infraestrutura e bem-estar coletivo quando se pode acomodar aliados políticos? Além disso, Borba argumentou que os cargos criados deveriam ser preenchidos por meio de concursos públicos e não distribuídos como prêmio de lealdade.

Vereadora Bia Borba (PL): Oposição solitária e combativa na Câmara de Biguaçu
Com tamanha eficiência em angariar apoio, o Executivo Municipal praticamente transformou o Legislativo em uma extensão do seu gabinete de prefeito. Se a gestão administrativa for tão bem executada quanto a manobra política que reduziu a oposição a uma voz isolada, talvez até sobre um pouco de verba para a cidade. Mas, a julgar pelo histórico recente, parece que as prioridades são outras.
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