Como desrespeitar a vontade dos eleitores
Publicado em 05/02/2025 06:35
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Na última eleição municipal, a população escolheu seus representantes para a Câmara de Vereadores, acreditando que aqueles mais votados exerceriam seus mandatos e defenderiam os interesses da cidade. No entanto, poucos dias após o juramento de posse, um vereador eleito com grande número de votos foi nomeado pelo prefeito para ocupar um cargo no secretariado municipal. Com isso, a cadeira deixada vaga na Câmara será assumida por um suplente que não foi reeleito. O caso se torna ainda mais grave porque essa não é uma ação isolada: o governo municipal repetiu essa manobra com outro vereador bem votado, garantindo que dois candidatos derrotados nas urnas assumam mandatos legislativos.

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Essa estratégia levanta sérias questões sobre ética e respeito à vontade popular. Essa manobra política é um exemplo claro de como a prática do "toma lá, dá cá" desvirtua a representatividade e desrespeita a vontade do eleitor. Quando um candidato recebe o maior número de votos para a Câmara Municipal, isso significa que a população depositou nele sua confiança para exercer o mandato de vereador. No entanto, ao aceitar um cargo no Executivo logo após tomar posse, ele não apenas trai essa confiança, mas também enfraquece a democracia ao distorcer o resultado eleitoral.

O problema se agrava ainda mais quando se percebe que essa estratégia tem sido repetidamente usada pelos governos municipais. Ao nomear vereadores bem votados para seu secretariado, o Executivo cria, artificialmente, vagas para que candidatos rejeitados pelas urnas assumam suas cadeiras na Câmara. Dessa forma, o governo manipula a composição do Legislativo, garantindo apoio de suplentes que, em muitos casos, não teriam votos suficientes para se eleger de maneira legítima.

Essa prática revela alguns pontos críticos:

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1. Desrespeito à vontade popular – Os eleitores escolhem seus representantes acreditando que eles atuarão na Câmara. Ao sair para um cargo no Executivo logo no início do mandato, o vereador ignora essa escolha e mostra que sua prioridade é o jogo político, e não o compromisso com a população.

2. Uso da máquina pública para interesses políticos – Nomeações devem ser feitas com base na competência técnica e no interesse coletivo, e não como forma de acomodar aliados políticos e garantir maioria na Câmara. Isso compromete a transparência e a moralidade da administração pública.

3. Legislativo enfraquecido – Quando a Câmara Municipal se torna uma extensão do governo, perde-se a independência entre os poderes. O papel do Legislativo, que deveria ser fiscalizar e equilibrar as decisões do Executivo, é reduzido a um mero apoio automático ao prefeito.

4. Reeleição a qualquer custo – A nomeação de suplentes derrotados desrespeita o processo democrático, pois permite que políticos sem respaldo popular assumam mandatos, contrariando a lógica do sistema eleitoral.

É legítimo que um vereador assuma um cargo no Executivo se isso for de real interesse público e não parte de um esquema de favorecimento político. No entanto, quando esse expediente se torna recorrente e claramente manipulado para manter aliados no poder, a população tem o direito de se indignar e cobrar transparência e ética dos seus governantes.

Diante dessa situação, a sociedade precisa reagir, denunciando essas práticas e exigindo reformas que impeçam esse tipo de manobra. Os eleitores devem se lembrar dessas atitudes nas próximas eleições e punir nas urnas os políticos que desrespeitam a democracia.

 

 

Por: Luiz Lunardelli 

 

 

 

 

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